Segundo Moura, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é um dos responsáveis por essa realidade, lançando programas de construção de escolas sem a garantia financeira necessária para a conclusão das obras. "O empresário se sacrifica, começa o serviço e aí a cada medição tem que mandar para Brasília", ressalta o senador.
O relato do senador ganha contornos dramáticos ao mencionar o caso específico de Machadinho do Oeste, município de Rondônia, onde uma escola de quinze salas de aula se encontra abandonada há oito anos. Confúcio Moura relata ter testemunhado pessoalmente a estrutura inacabada, descrevendo-a como uma "escola gigantesca", entregue ao abandono no meio do matagal.
A situação torna-se ainda mais trágica quando o senador revela que o empresário responsável pela construção da escola teria tirado a própria vida. "O empresário inclusive suicidou, suicidou!", enfatiza Moura, destacando a gravidade da crise enfrentada por aqueles envolvidos nessas empreitadas.
Diante desse quadro alarmante, o senador defende a urgência de mudanças no sistema de autorização e acompanhamento de obras públicas. Propõe que as autorizações sejam concedidas apenas quando houver recursos financeiros garantidos e sugere o uso da tecnologia para agilizar as vistorias e medições, evitando deslocamentos desnecessários.
Ao expor essas questões, Confúcio Moura busca não apenas chamar a atenção para a tragédia das obras inacabadas no Brasil, mas também propor soluções concretas para evitar que novas tragédias ocorram, reforçando a necessidade de uma gestão mais eficiente e responsável dos recursos públicos.
CONFIRA O TEXTO:
Mega escola inacabada
Por Confúcio Moura
Olha, o Brasil é um cemitério de obras iniciadas, paralisadas, inacabadas. O governo federal vai levando a vida dos seus governos por sopapos. Lançam uns programas de obras, e eu vou falar aqui, só na educação, não vou nem falar das obras de infraestrutura, de estradas, de viadutos, rodovias, pontes, etc.
Não, não vou falar nisso, só escolas. O FNDE, que é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, é o useiro e vezeiro da arte da enganação. Eles lançam os programas de escolas, os municípios credenciam e veja bem, iniciam as obras.
As vezes a obra é de cinco, seis, sete milhões, ele manda cem mil reais de empenho inicial. O prefeito licita, dá a ordem de serviço, o empresário se sacrifica, começa o serviço e aí a cada medição tem que mandar para a Brasília. Lá tem dois, três, quatro engenheiros, só, para analisar o Brasil inteiro. E vai deixando para trás, fica o empresário sem receber dois, três, quatro, cinco meses.
Ele não aguenta pagar o pessoal, comprar cimento, pagar ferro, pagar material e termina deixando as obras inacabadas. Eu vi agora, lá em Machadinho do Oeste, uma escola gigantesca viu, uma escola de quinze salas de aula, uma escola completa que está só a carcaça. Tem oito anos que a obra está paralisada, entregue lá no meio do matagal.
Fotografei e trouxe para Brasília, para o FNDE dar uma olhada. Nisso, já tem dinheiro iniciado, o empresário inclusive suicidou, suicidou! Por aí vocês observam a gravidade da situação, como está desorganizada essa questão de obras no governo federal. A gente tem que mudar. Eu não tenho aqui a fórmula pronta e acabada, mas do jeito que está, não funciona.
A primeira coisa que tem que fazer em Brasília é só autorizar uma obra se tiver dinheiro completo. E as medições, hoje com a tecnologia, dá para fazer conferências muito rapidamente. Não precisa sair de Brasília e fazer uma vistoria numa escola do interior. Dá para fazer tudo via internet. Dá para fotografar, mandar direitinho, testemunhar. Dá para fazer as vistorias por satélite, dá pra fazer de todo jeito.
E assim, o Brasil deixar de fazer esse cemitério de obras inacabadas do país, que é extremamente vergonhoso, desmoraliza prefeitos, sacrifica empresários e engana a população. Então, isso eu vi lá uma escola fantástica e eu trouxe essa papelada para Brasília pra ver se a coisa anda.
Fonte: Rondonia dinamica
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