No dia 25 de abril de 1974, o regime autoritário mais antigo da Europa ocidental caiu em questão de horas graças ao apoio imediato da população
Porto Velho, RO - Portugal celebra nesta quinta-feira (25), com um desfile militar, uma manifestação e discursos oficiais, o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, que abriu o caminho para a democracia e a independência de suas colônias na África.
“A principal motivação era resolver o problema da guerra colonial”, recorda à AFP o coronel da reserva Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, herdeira do “movimento dos capitães”, que organizou a revolução.
Em 1974, as tropas portuguesas já estavam em combates há 13 anos em Angola e quase uma década em Moçambique e Guiné-Bissau.
Os jovens suboficiais demoraram quase um ano para preparar a “conspiração” e executar “um golpe de Estado que pretendia abrir o caminho para a liberdade, acabar com a guerra e construir a democracia em Portugal”, afirma.
No dia 25 de abril de 1974, o regime autoritário mais antigo da Europa ocidental caiu em questão de horas, praticamente sem uma gota de sangue derramada, graças ao apoio imediato da população.
O golpe provocou o cancelamento de uma festa num restaurante, onde uma garçonete decidiu distribuir os cravos vermelhos destinados à decoração às pessoas nas ruas e aos soldados.
Alguns jovens militares colocaram os cravos nos canos de suas armas, o que transformou a imagem no símbolo da revolução política, econômica e social.
Uma multidão segurando buquês de cravos manifesta-se no dia 1º de maio de 1974 na praça do Rossio, em Lisboa, após a Revolução dos Cravos.
Foto: AFP
“Heroico”
“Foram sobretudo as imagens registradas naquele dia que transformaram o cravo vermelho no símbolo da Revolução de 25 de Abril, dando uma visão romântica, poética, a um ato que tinha muito de heroico, embora a revolução tenha sido especialmente pacífica”, explica a historiadora Maria Inácia Rezola, que coordena o programa das comemorações.
Ponto alto de centenas de iniciativas institucionais e culturais programadas ao longo de várias semanas, a quinta-feira começará com um desfile militar, com a participarão de veículos blindados da época Revolução, restaurados para o aniversário.
No fim do dia, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa receberá os homólogos dos países africanos que conquistaram a independência após a Revolução: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
E, como acontece todos os anos, os principais líderes políticos do país discursarão em uma “sessão solene” no Parlamento.
Durante a tarde, um desfile no centro de Lisboa deve reunir milhares de pessoas, não apenas pelo 50º aniversário, mas também pelo atual contexto político do país, após o avanço da extrema-direita nas eleições legislativas do mês passado.
“Deus, pátria, família”
“Eu pensava que 48 anos de ditadura haviam protegido o país contra esta onda de populismo e movimentos radicais de extrema-direita, mas a realidade é diferente”, afirmou Rezola.
O regime derrubado em 1974 nasceu com uma ditadura militar instaurada em 1926. Depois de ser nomeado ministro das Finanças, o economista Antonio Salazar liderou o governo entre 1932 e 1968, quando foi substituído pelo professor de Direito Marcelo Caetano.
Durante os anos de chumbo, marcados pelo slogan “Deus, pátria, família”, Portugal se tornou “um país pobre, atrasado, analfabeto e isolado do resto do mundo”, explica Rezola.
Após meses de tensões que poderiam ter resultado em uma guerra civil entre as forças pró-comunistas e as correntes favoráveis a uma democracia liberal, o período revolucionário terminou em 25 de novembro de 1975 com uma intervenção militar do general António Ramalho Eanes, que no ano seguinte se tornaria o primeiro presidente democraticamente eleito de Portugal.
Cerca de 50 mil pessoas participam numa reunião do Partido Comunista Português em 20 de Abril de 1976, no estádio Primeiro de Maio, em Lisboa, poucos dias antes das eleições legislativas portuguesas marcadas para 25 de Abril para eleger a primeira Assembleia da terceira República, exatamente dois anos depois da Revolução dos Cravos. Foto: AFP
Outro personagem crucial do período, o socialista Mario Soares, venceu as primeiras eleições livres com sufrágio universal, organizadas em 25 de abril de 1975 para formar a Assembleia Constituinte que redigiria a atual Carta Magna do país.
Fonte: Carta Capital
Porto Velho, RO - Portugal celebra nesta quinta-feira (25), com um desfile militar, uma manifestação e discursos oficiais, o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, que abriu o caminho para a democracia e a independência de suas colônias na África.
“A principal motivação era resolver o problema da guerra colonial”, recorda à AFP o coronel da reserva Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, herdeira do “movimento dos capitães”, que organizou a revolução.
Em 1974, as tropas portuguesas já estavam em combates há 13 anos em Angola e quase uma década em Moçambique e Guiné-Bissau.
Os jovens suboficiais demoraram quase um ano para preparar a “conspiração” e executar “um golpe de Estado que pretendia abrir o caminho para a liberdade, acabar com a guerra e construir a democracia em Portugal”, afirma.
No dia 25 de abril de 1974, o regime autoritário mais antigo da Europa ocidental caiu em questão de horas, praticamente sem uma gota de sangue derramada, graças ao apoio imediato da população.
O golpe provocou o cancelamento de uma festa num restaurante, onde uma garçonete decidiu distribuir os cravos vermelhos destinados à decoração às pessoas nas ruas e aos soldados.
Alguns jovens militares colocaram os cravos nos canos de suas armas, o que transformou a imagem no símbolo da revolução política, econômica e social.
Uma multidão segurando buquês de cravos manifesta-se no dia 1º de maio de 1974 na praça do Rossio, em Lisboa, após a Revolução dos Cravos.
Foto: AFP
“Heroico”
“Foram sobretudo as imagens registradas naquele dia que transformaram o cravo vermelho no símbolo da Revolução de 25 de Abril, dando uma visão romântica, poética, a um ato que tinha muito de heroico, embora a revolução tenha sido especialmente pacífica”, explica a historiadora Maria Inácia Rezola, que coordena o programa das comemorações.
Ponto alto de centenas de iniciativas institucionais e culturais programadas ao longo de várias semanas, a quinta-feira começará com um desfile militar, com a participarão de veículos blindados da época Revolução, restaurados para o aniversário.
No fim do dia, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa receberá os homólogos dos países africanos que conquistaram a independência após a Revolução: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
E, como acontece todos os anos, os principais líderes políticos do país discursarão em uma “sessão solene” no Parlamento.
Durante a tarde, um desfile no centro de Lisboa deve reunir milhares de pessoas, não apenas pelo 50º aniversário, mas também pelo atual contexto político do país, após o avanço da extrema-direita nas eleições legislativas do mês passado.
“Deus, pátria, família”
“Eu pensava que 48 anos de ditadura haviam protegido o país contra esta onda de populismo e movimentos radicais de extrema-direita, mas a realidade é diferente”, afirmou Rezola.
O regime derrubado em 1974 nasceu com uma ditadura militar instaurada em 1926. Depois de ser nomeado ministro das Finanças, o economista Antonio Salazar liderou o governo entre 1932 e 1968, quando foi substituído pelo professor de Direito Marcelo Caetano.
Durante os anos de chumbo, marcados pelo slogan “Deus, pátria, família”, Portugal se tornou “um país pobre, atrasado, analfabeto e isolado do resto do mundo”, explica Rezola.
Após meses de tensões que poderiam ter resultado em uma guerra civil entre as forças pró-comunistas e as correntes favoráveis a uma democracia liberal, o período revolucionário terminou em 25 de novembro de 1975 com uma intervenção militar do general António Ramalho Eanes, que no ano seguinte se tornaria o primeiro presidente democraticamente eleito de Portugal.
Cerca de 50 mil pessoas participam numa reunião do Partido Comunista Português em 20 de Abril de 1976, no estádio Primeiro de Maio, em Lisboa, poucos dias antes das eleições legislativas portuguesas marcadas para 25 de Abril para eleger a primeira Assembleia da terceira República, exatamente dois anos depois da Revolução dos Cravos. Foto: AFP
Outro personagem crucial do período, o socialista Mario Soares, venceu as primeiras eleições livres com sufrágio universal, organizadas em 25 de abril de 1975 para formar a Assembleia Constituinte que redigiria a atual Carta Magna do país.
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