Léo já foi vereador na capital, deputado estadual e deputado federal
Porto Velho, RO - Administrar
Porto Velho não é para amadores. Administração pública é bem diferente
da privada e exige, além de capacidade técnica, conhecimentos gerais e
uma ampla identificação com a política, seja ela econômica, social ou
financeira. Não basta querer, tem que saber.
Esses são alguns
desafios que o futuro prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos),
eleito em segundo turno terá pela frente, após assumir o comando do
município a partir de janeiro do próximo ano.
Porto Velho é um
município desafiador. Tem 34096,43 km² de área territorial, superior à
de alguns Estados e de vários Países. Sua malha rodoviária vicinal é
superior a 7 mil quilômetros. Tem mais de uma dezena de distritos, a
maioria com infraestrutura populacional, econômica e territorial
superiores a inúmeros municípios. Alguns distritos estão a mais de 400km
da sede do município, como os localizados na Ponta do Abunã, em direção
ao Acre.
Léo Moraes é jovem, 40 anos, mas experiente, pois já
foi vereador, deputado estadual e deputado federal. Na administração
pública passou pelo Detran-RO, cargo que ele deixou para concorrer à
prefeitura. É de família tradicional na política. Seu pai, o saudoso
Paulo Moraes foi vereador, presidente da câmara e deputado estadual. A
mãe, Sandra foi vereadora em mais de um mandato.
Porto Velho tem
alguns problemas crônicos e, o maior deles o saneamento básico. O pouco
que existe de infraestrutura no segmento foi obra dos colonizadores, há
mais de 100 anos e a ”estação de tratamento”, o Rio Madeira, que banha a
cidade. No primeiro mandato do ex-governador Ivo Cassol, o Governo
Federal liberou R$ 600 milhões para investimentos no segmento, inclusive
com os recursos disponibilizados na Caixa.
Um “iluminado”
político na época (foi vereador que assumiu um período a Assembleia
Legislativa), questionou o projeto e a liberação dos recursos, com as
obras já sendo iniciadas por Cassol, que inclusive manobrou uma
escavadeira no cruzamento das avenidas Tiradentes com Chiquilito Erse
(Rio Madeira na época). A intervenção do “iluminado” acabou travando a
liberação dos recursos e, anos depois foram devolvidos, porque não
conseguiram elaborar o projeto.
Uma sugestão seria uma parceria
que estava prevista pelo ex-deputado federal Oscar Andrade, que foi
candidato a prefeito em 2004 e tinha no Plano de Governo, com uma
empresa da área de saneamento básico, que, através de convênio faria
100% de rede de esgoto em Porto Velho. Oscar não se elegeu, mas em Belo
Horizonte, o candidato que tinha a mesma parceria que Oscar, venceu e,
quatro depois a capital mineira estava com o compromisso cumprido. Pode
ser a solução para a capital de Rondônia.
Além da imensa área
territorial, Porto /velho também tem distritos enormes e comunidades
ribeirinhas. A escolha dos administradores municipais será muito
importante para o sucesso da futura administração. Em passado recente,
boa parte dos vereadores eram dos distritos, hoje deve estar em torno de
10% da composição do futuro legislativo municipal. Muito pouco, por
isso a necessidade de escolha criteriosa dos futuros representes do
prefeito nos distritos.
Porto Velho é a única capital brasileira,
que não tem um Pronto Socorro (PS) Municipal, por isso o PS João Paulo
II está sempre lotado. A capital rondoniense também é campeã em
acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, outro fator que limita as
ações no JP II, porque a maioria dos pacientes apresenta fraturas e
traumatismo.
A maior parte dos acidentes ocorre devido à falta de
um trânsito mais bem organizado. Os agentes de trânsito “passeiam”
bastante dentro dos veículos com ares-condicionados. Quando ocorre panes
em semáforos, o trânsito que já é problemático nos horários de maior
movimento, fica um caos. E não aparece nenhum “cabeça de tapioca” como
são conhecidos os agentes devido ao boné branco para organizar o
trânsito.
Os motoqueiros abusam e não respeitam semáforos, placas
de sinalização, ultrapassam pela direita e abusam da velocidade. É
difícil terminar uma semana sem acidentes com óbitos devido ao abuso,
principalmente de os entregadores de mercadorias. Fiscalização,
orientação, organização e punição, se for o caso, não existem. Bastava
recolher o veículo de quem não respeita as leis de trânsito e colocar
agentes, ou mesmo policiais de trânsito em locais estratégicos.
Um convênio com o Estado e a PM como havia entre a prefeitura e Estado amenizaria o problema.
A
chuva às vésperas das eleições em segundo turno, quando boa parte da
cidade ficou alagada e Léo mostrou isso em vídeos, é um outro grave
problema que precisa ser resolvido, mesmo sendo difícil, porque
necessita de recursos financeiros elevados e nem sempre disponíveis.
A
saúde pública não é um problema somente de Porto Velho, mas do Estado e
dos demais municípios. O prefeito-eleito Léo Moraes e sua futura equipe
terão muito trabalho para ajustar o segmento, que mais incomoda a
maioria de a população, que depende de atendimento eficiente de saúde. É
um dos inúmeros desafios da futura administração a melhoria da
infraestrutura e do atendimento médico ao povo mais simples, que não tem
condições de bancar um Plano de Saúde.
Outro segmento
importante para o povo é a educação. Há anos vem sendo comandada por um
conhecido e atuante grupo político. As informações são que permanecerão
com a nova administração. Como é um setor vital na administração pública
e Léo conhece o grupo que domina o setor, resta esperar. Mas é preciso
melhorar, principalmente nos distritos e junto à população ribeirinha,
realmente são mais complicadas, por isso devem receber atenção
diferenciada.
Temos consciência que os problemas são muitos e
apontamos alguns. Mas não é possível concluir sem citar a área central
de Porto Velho. A Avenida 7 se Setembro tem o comércio prejudicado desde
o Prédio do Relógio (prefeitura), início da via, até a Nações Unidas. O
lado direito é um corredor de ônibus urbano. À esquerda boa parte é
para estacionamento de táxi. Empresas (poucas) que não tem
estacionamento próprio fica no prejuízo, porque ninguém vai parar
distante, nas ruas transversais, a maioria lotadas.
Outro
problema sério que o atual prefeito, Hildon Chaves (PSDB) conseguiu
resolver no primeiro mandato, foi a retirada dos camelôs das calçadas da
7 de Setembro para um local específico, onde hoje funciona a rodoviária
devido a construção da nova. Mas foi somente por um período e tudo
retornou ao que era antes. E os pedestres têm que caminhar perigosamente
pela pista de rolamento. A situação se agrava para quem tem
dificuldades para caminhar. Um absurdo.
Um Calçadão” como se tem
em inúmeras cidades brasileiras seria a solução. Em passado recente,
quando os ônibus de coletivo urbano não tinham uma faixa exclusiva, uma
vez por mês, aos domingos, a 7 de Setembro era fechada pela manhã, do
Prédio do Relógio, que ainda, não era a prefeitura, até a Avenida
Marechal Deodoro para comercialização das mais diversas. A iniciativa
funcionava bem.
O desafio do prefeito-eleito Léo Moraes e sua
equipe é grande. Mas é a oportunidade de realizar uma administração
acima da média e garantir mobilidade urbana, saúde e educação
eficientes; boas estradas para escoamento das safras da produção rural e
já preparar um plano de industrialização, que poderia ser uma indústria
de óleo de soja, que é produzida em larga escala no município, já que o
segmento bovino de corte é crescente, o mesmo ocorrendo com a produção
de leite.
A missão é missão é desafiadora, mas nada que impeça um trabalho positivo nos próximos 4 anos.
Fonte: Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
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